quarta-feira, 12 de maio de 2010

Amores Enlatados

O mundo tem nos vendido dias após dia um tipo de amor enlatado.
As novelas, os filmes, as propagandas de lojas de chocolates e de perfumes nos dizem que devemos amar e amar sempre intensa e coloridamente.
Nos vende que ser sozinho não presta.
Nos impõe que não podemos ter uma amizade colorida, um carinho por alguém, um relacionamento de cumplicidade e confiança, um querer bem sem estar perdidamente apaixonado, doente de paixão, aos calafrios.
Não querer casar é um pecado mortal!
O mundo nos vende que se não fôr amor fulgáz não vale.
O mundo de hoje nos vende uma tabelinha pré-fixada onde conforme o número de encontros fôr acontecendo e o nível de intimidade aumentando, a coisa evolui.
Os títulos vão de paquera até casamento eterno. E se não fôr assim, não tem validade.
A mídia, a mãe, a avó, a amiga.
Essas grandes vilãs nos empurram goela abaixo um papo de que todo relacionamento tem que ser da mesma forma, como se fosse feito numa dessas formas de biscoito.
Por conta dessa apelação toda, muitas vezes deixamos de viver coisas realmente genuínas.
Sentimentos e sensações muitas vezes muito mais importantes e satisfatórios do que o amor da forma de biscoito.
Não é a presença do outro que conta, a risada gostosa as 04:00 da manhã, o frio na barriga pela pequena aventura. É do rótulo que todos querem saber.
A vida é feita de momentos e cada fração de segundos apresenta sua dádiva.
Depende do nosso estado de espírito, dos nossos planos e muitas vezes da própria falta de planos.
O inesperado age quando o deixamos agir, quando não tomamos o tempo todo ás rédeas da situação.
A vida sempre nos apresenta algo bom prá viver.
E isso pode ser um sorriso, um abraço, uma amizade sincera, um sentimento que não tem rótulo.
Fico pensando e remoendo com meus botões e chego a conclusão de que nosso maior defeito é querer rotular o que sentimos, como se esse turbilhão de sentimentos diários pudesse se classificar em quatro ou cinco coisas diferentes, como se o mundo não fosse muito mais do que isso.
Com certeza levarei comigo, muito mais vivo em minha memória todos os momentos bons de um relacionamento sem rótulos do que os anos vividos dentro de um amor enlatado, que nada de novo me apresentava dia após dia e que me cobrava uma postura que não era minha. Um relacionamento que me fazia sentir como se eu mesmo estivesse dentro de uma lata de sardinha.

Abaixo aos sentimentos rotulados. Adote para si um único rótulo, aquele em que diz que tu és LIVRE E FELIZ SENDO VOCÊ MESMO, mesmo que sendo assim, acabe colaborando para que outra pessoa viva um sentimento sem rótulo, livre de todas as melancolias e rotinas que os sentimentos prontos te oferecem.

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